se sucedem e, então, parece recomendável que os superiores escalões tenham elementos de várias fontes para as suas altas decisões." E, após a análise do panorama nacional, dizia sem meias-tintas:
"Há, praticamente, no Brasil o seguinte dispositivo:
1.° - Um grupo político, com base ideológica definida, que quer uma imediata evolução político-econômico-social, dentro da legalidade;
2.° - Um outro grupo, possuidor de uma ideologia ambígua, que quer o domínio do poder, ora invocando reformas, ora pleiteando o desaparecimento das forças que lhe sejam opostas; procura aproveitar-se do 1.° grupo e da ação comunista existente no país;
3.° - A ação comunista, persistente e decididamente orientada e controlada, que se infiltra no 1.° grupo e quase sempre se utiliza do 2.° grupo;
4.° - Os grupos de oposição ao governo, já numerosos, são absorvidos correntemente por episódios, batem-se pela legalidade, particularmente o funcionamento dos poderes constitucionais, e estão em luta aberta com os 2.° e 3.° grupos.
O 1.° grupo quer a garantia das Forças Armadas. Os 2.° e 3.° grupos pugnam abertamente para que estas fiquem a seu serviço, na base principal dos sargentos, aliados aos sindicatos, enquanto os últimos pretendem que as mesmas deem apoio aos lances políticos que empreenderem.
Abaixo de todos estes grupos, está o povo brasileiro desejoso de paz, de bem-estar, não solidário com repetidas greves, contrário a pressões militares e sempre pela legalidade."
Desnecessário ir às entrelinhas para perceber que o documento atingia frontalmente o Governo. Nem precisava dar nomes, pois se identificavam todos os personagens. Por último punha o dedo na ferida:
"Não há uma conspiração militar. Há, sim, uma aparência de conluio de civis que procura envolver trabalhadores, elementos das Polícias Militares, pouquíssimos oficiais e sargentos das Forças Armadas, para uma posse total do Governo, para fechar o Congresso Nacional e para estabelecer no Brasil um regime extralegal.
Parece que a crise é uma só e de longa data, com características político-militares, ora com intervalos de calmaria aparente, ora com fases ativas, cada uma destas quase sempre determinando um acontecimento, uma evolução ou retrocesso na política governamental e greves periódicas. Em todas elas verificam-se graves repercussões nas finanças nacionais, em negociações ou atitudes no estrangeiro e, via de regra, no meio militar.
Um dos mais expressivos representantes da chamada política de renovação nacional, membro do PTB, ex-ministro de Estado e um