dos líderes do Governo, deputado Almino Afonso, opina que o Presidente da República age com 'uma política de conciliação' que gera crises sucessivas e que levará o país 'à saída golpista ou à revolução social'. Conta para esta com as Forças Populares, que, segundo ainda a sua declaração, é constituída do CGT, UNE, FPN, UBES, PUA, Sargentos, Cabos e Soldados, oficiais nacionalistas, lideranças políticas de vanguarda, ligas camponesas, etc. Este pronunciamento é aqui assinalado para se ter uma das mais autorizadas definições de Forças Populares e para se avaliar a sombria alternativa contra o Brasil prognosticada (golpe ou revolução por processos subversivos)."(13) Nota do Autor
Quem falaria em Forças Populares sem as identificar com a própria corte do Governo? Por último, entre as sugestões, e como se revidasse a discreta censura de setembro, apresentava a "vitalização do Alto Comando, pela faculdade de seus membros opinarem individualmente sobre a situação militar e político-militar, de serem consultados sobre a mesma, e por meio de reuniões periódicas."
A sugestão devia embaraçar o ministro. Contudo, sendo impossível calar, a réplica não tardou: "Concordo em princípio com as ideias expostas no ofício n.° 215-DI Reservado de 22 de outubro de 1963, mas receio que o Comando, cujas atribuições devem ser especificamente militares, se transforme num órgão essencialmente político." Por certo, ganhava tempo. E como se buscasse algum ponto de harmonia para os companheiros, acrescentava: "o sentimento legalista e o respeito à ordem e à disciplina constituem um denominador comum capaz de não só unir o Exército, como os brasileiros de um modo geral."(14) Nota do Autor Conceito exato. Mas, como invocá-lo, se o próprio Governo ameaçava a ordem legal? Nesse clima, Castelo não se sentia à vontade. "A nossa marcha aqui - escreveu ao coronel Hélio Ibiapina, camarada que continuara em Recife - não é de todo tranquila. É muito difícil apanhar a cadência dos tempos..." Certamente, ele não a conseguiria apanhar.
Por algum tempo não haveria tranquilidade no país. Devorada pela inflação, propositadamente sacudida pela audácia crescente dos líderes esquerdistas, a nação mostrava-se cada dia mais inquieta, talvez perplexa ante a guerra revolucionária, que ameaçava convulsioná-la para, depois, implantar uma ditadura comunista. Aterrados, muitos se preparavam para emigrar, enquanto as instituições pareciam ruir rapidamente: a autoridade, a hierarquia, a economia, as finanças, tudo soçobrava, talvez irremediavelmente.