O Governo Castelo Branco

Ururaí, Orlando Geisel, e Ulhoa Cintra, e a promoção do Almirante Aragão e sua designação para comandar os Fuzileiros Navais, substituindo o almirante Bustamante, homem moderado, e, por isso, afastado. Era evidente o preparo do terreno contra o Congresso. E os jornais esquerdistas, simpáticos a Goulart, não se cansavam de anunciar uma conspiração "direitista" contra o Presidente, cuja base militar seriam os "gorilas" do Exército.

Na época, os episódios de maior repercussão no Exército foram o incidente Murici-Brizola, em Natal, e, em revide à entrevista do governador Lacerda ao Los Angeles Time, a tentativa de seu sequestro pelo Corpo de Paraquedistas. Daquele incidente, em maio de 1963, Castelo, Comandante do IV Exército, deu conta ao ministro da Guerra: "Percebo - dizia - que o deputado Brizola, em seus discursos no Nordeste, acusa de 'golpistas' os militares que não o acompanham na montagem do seu golpe e de 'gorila' os que não participam da sua política para, de qualquer jeito, dominar o poder."

Quanto ao sequestro, tramara-o o general Pinheiro, que cobraria o insucesso punindo oficiais que o evitaram. Abria-se nova e sôfrega frente revolucionária, assim descrita pelo jornalista Carlos Castelo Branco:

"Um grupo de coronéis, convencidos de que os generais dificilmente tomariam a iniciativa de um trabalho conspiratório efetivo, decidiu-se a cobrir a tarefa, sob o estímulo da emoção provocada no Exército pelas punições impostas ao coronel Boaventura, ao major Monção e a outros resistentes da Divisão Aeroterrestre, que, nas suas reuniões, tinham uma figura dominante, a do coronel João Batista Figueiredo... Assentaram desde logo que só um general, naquele momento, desfrutava do prestígio necessário para unir todas as células da conspiração e impor o movimento ao respeito dos demais oficiais generais. Tratava-se do general Humberto de Alencar Castelo Branco, chefe do Estado-Maior do Exército, notoriamente alarmado com as ameaças que partiam do Governo à própria estrutura das Forças Armadas e do regime democrático."(15) Nota do Autor Para o país era, aliás, nome quase ignorado. O Globo, em janeiro de 1963, a ele assim se referia: "Discreto, avesso à publicidade, não é o general Castelo Branco uma figura popular. Respeitado, reverenciado mesmo no seio da tropa, é quase desconhecido no mundo civil."

Motivara essa nota a declaração de Castelo Branco, em Salvador, sobre a nomeação de comunistas para órgãos de ensino e estatais, e que movera o Ministro da Guerra a telegrafar-lhe, esperando um

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