desmentido. Para Castelo foi a oportunidade para resposta vigorosa, reiterando apreensões e traduzindo velhas concepções. Lia-se no ofício que mandou a Jair Dantas Ribeiro:
"Julgo-me no dever de, também, informar a V. Ex.ª sobre a compreensão de minha frase. Antes, a propagação comunista era bravamente promovida por propagandistas que levavam a palavra escrita e falada, aberta ou clandestinamente, a toda parte, arriscando-se muitas vezes. Depois, estes são apoiados, não bravamente, mas manhosamente por membros, que se colocaram ou foram colocados na administração, no ensino e em organismos estatais. Fala assim quem, ouve sérias e elevadas exposições sobre o comunismo no Brasil, no C.S.N., na 2.ª Secção do EME, na D2 do Gabinete do MG e em 2.ªs Secções de Grandes Unidades, cujos fichários alinham nomes e mais nomes de comunistas em postos da administração, do ensino e de organismos estatais. Não violei um segredo, pois não há mais segredos sobre este assunto para as Forças Armadas e o povo. O rádio de V. Ex.ª parece dar a entender que eu não deveria fazer declarações. Mas o Governo tacitamente confere aos militares a faculdade de pronunciamentos. É comum ler-se, na imprensa, entrevistas, telegramas e discursos sobre os mais variados assuntos (greves, plebiscitos, papel do Exército, apoio a campanhas de sargentos, etc.)
Generais e Sargentos têm falado. Falei, mas num tom muito diferente daquele de um pronunciamento político.
Na verdade, as entrevistas, telegramas e discursos têm sido feitos para aplaudir o Governo, ou secundá-lo em seu ponto de vista político. Por uma questão de moral política, a faculdade consentida não pode, no entanto, ficar restrita àqueles pronunciamentos favoráveis. Necessariamente, são permitidas as manifestações contrárias. Senão, seria uma iniquidade flagrante, uma discriminação antidemocrática, a prática de um totalitarismo. Caso a minha declaração fosse contra o Governo - o que não aconteceu, pois só pode ser tomada como uma despretensiosa colaboração -, eu estaria, sem dúvida, protegido por uma faculdade, já garantida a vários militares."
Em seguida, numa atitude temerária, mas reveladora de um espírito desejoso de ir até o fundo das coisas, voltava às velhas teses do Exército apolítico, sob pena de todos poderem externar opiniões pessoais, a favor ou contra o Governo.
Evidentemente, Castelo Branco escolhera o seu caminho. E, em janeiro, falando na Vila Militar, externou um conceito de legalidade, que irritou profundamente o Governo. Decidido, ele escreveu ao coronel Hélio Ibiapina, no início de fevereiro: "Cresce a convicção de que se deve reagir ativamente, com iniciativa, no caso do sempre desejado golpe estatal. Há, mesmo, um trabalho aberto, nada de conspiração, para mostrar aos camaradas que é preciso, pela legalidade,