O Governo Castelo Branco

atual ministro da Guerra a promover tal nomeação. É uma honrosa compensação que Vossa Excelência me outorga, sem injunções, sem que eu a houvesse pleiteado."(3) Nota do Autor Varria assim qualquer compromisso ou influência política.

Em verdade, as esquerdas sombreavam o Governo. E ele comunicou a um amigo e companheiro: "Sinto uma acolhida confiante em muita gente à minha entrada para o 6.° andar. Noto, porém, acentuadas preocupações que não as substancialmente profissionais. E isso me preocupa. Por outro lado, falam-me que o poder pessoal - promoções, transferências e classificações - anda solto em Brasília e aqui. E isso, também, me preocupa. Estou fazendo tudo para não tomar posse já amofinado." Esta ocorreu em setembro de 1963: "Assumirei a chefia do EME, no próximo dia 13, sexta-feira. Augúrio favorável ou desfavorável?"(4) Nota do Autor Os fatos mostrariam.

Contudo, bem depressa ele percebeu os percalços do novo caminho. Uma semana depois, voltou a escrever: "A minha tomada de posição muito me tem preocupado no EME. Ainda, absolutamente, não estou instalado e, muito menos, montado. A situação é dificílima e o 6.° andar está mergulhado num desprestígio avassalador. Que fazer, como fazer?" Na resposta estaria o seu destino.

Insatisfeito, sempre desejoso de evoluir, Castelo não descansou nas comodidades da rotina. Carta a um amigo: "Continuo aqui no meu dia a dia de trabalho, querendo sempre vencer a rotina e arranjar causas e meios para bem evoluir. A evolução militar, tão necessária quanto as de natureza política, econômica e social, esbarra em duas grandes resistências: uma consiste no apego a fórmulas ultraconservadoras, e a outra que é a indiferença militar juntamente ligada à incompreensão governamental. Fica-se bloqueado, neutralizado. Mas, enquanto aqui estiver, não desertarei da luta. Assim, o meu passatempo, quando fora do EME, longe de suas horas de trabalho, é constituído por estudos e preocupações."(5) Nota do Autor

Aliás, a julgar pelo discurso de posse, era claro não pensar em cruzar os braços ante a grave situação do país. Falara francamente: "Ela [a estrutura do Exército] é permanente e nacional dentro das instituições políticas, e, portanto, com estas evolui, para garantia delas e da soberania nacional. Há reformadores oportunistas que querem substituí-las por meio de um solapamento progressivo e antinacional, e instituem o Exército Popular, um arremedo de milícia,

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