com uma ideologia ambígua, destinado a agitar o país com exauridos pronunciamentos verbais, e perturbar, com subversões brancas e motins, a vida do povo." Era fácil perceber os endereços. E o próprio ministro da Guerra, tendo-o ouvido "com atenção e acatamento, que inspiram as ideias e conceitos de um chefe", logo lhe escreveu como se fosse uma réplica: "Quero lembrá-lo, porém, que estou empenhado em manter o Exército coeso, disciplinado, fora dos debates políticos e voltado, exclusivamente, para as atividades ligadas ao seu preparo. Para isso é necessário a compreensão, particularmente de chefes de seu prestígio, no sentido de que não façam pronunciamentos que deem margem a explorações por parte das diversas correntes político-partidárias."(6) Nota do Autor Palavras oportunas e pelas quais se poderia admitir perfeito entendimento entre os dois chefes militares. Restava a ação corresponder às palavras. Não demorou a divergência. Esta ocorreu em outubro, quando o Presidente Goulart solicitou ao Congresso o estado de sítio. Pedido extemporâneo, inquietante e para o qual nenhuma interpretação era tranquilizadora. Deveria o Chefe do EME silenciar ante o fato consumado? Castelo Branco preferiu opor-se à iniciativa governamental. Julgava-se com direito de ser ouvido, e ouvido iria fazer-se. A 4 de outubro, num documento seco, medido, polido, ele transmitiu ao ministro a maneira por que encarava a situação. Cada qual deveria assumir as suas responsabilidades. E, feitas algumas observações, Castelo Branco concluiu:
"Mensagem dos ministros militares, emitida a propósito da entrevista violenta de um político oposicionista, abriu a fase aguda da crise político-militar. Tratava-se da advertência de que as Forças Armadas serão inflexíveis, rigorosas e decididas na ação preventiva e na eficaz defesa da Nação. Sem dúvida, há também, aí, um compromisso para outras advertências, a respeito de outros casos, a saber:
- ação ilegal, inclusive subversiva, do C.G.T;
- a agitação insurrecional promovida pelo deputado Brizola; conexão de atividades de políticos com o motim de Brasília;
- os abusos do poder econômico.
V. Ex.ª, agora, sugere o estado de sítio. Parece ser um recurso desnecessário. Para resolvermos o crucial caso dos Sargentos, participarmos ativamente na manutenção da ordem, e desmantelarmos conspiratas, tenho a impressão que dele ainda não precisamos. Os Chefes militares, em vários escalões, já se acham entregues à prioridade da segurança interna. Com o estado de sítio e os prognósticos de sua aplicação, as forças terrestres vão ficar inteiramente