O Governo Castelo Branco

de crédito, a política de preços mínimos, a difusão de fertilizantes e equipamentos, bem assim as transformações infraestruturais, ensejaram novas perspectivas à agricultura brasileira. Diversificaram-se as exportações, soterrou-se a tradição dos déficits descontrolados no setor externo, reabilitando-se o nosso crédito e garantindo a grande número de empresas o acesso aos organismos financeiros internacionais. Do mesmo modo, ativaram-se as medidas para o desenvolvimento regional, mobilizados o Governo e a iniciativa privada para a eliminação das distorções territoriais e o incremento de novos núcleos dinâmicos na economia do país."

As transformações alegravam o reformista, do mesmo modo que a perspectiva de deixar o Governo dentro de um clima de unidade da Revolução, parecia dar-lhe relativa tranquilidade. Reconhecendo que a inflação não fora de todo debelada, dada "a necessidade de atender a múltiplos objetivos e sobretudo de não traumatizar excessivamente o setor privado ou permitir o decréscimo na participação dos assalariados no produto", o Presidente voltava-se para o campo político, com o qual tanto se familiarizara:

"Por outro lado - dizia - ao tempo em que se implantaram estas transformações no setor econômico-financeiro, muitas medidas renovadoras visaram a eliminar as máquinas obsoletas do nosso processo político. Deformações tradicionais foram corrigidas, de modo a estimular maior mobilidade das elites e conferir autenticidade ao sistema representativo. A probidade eleitoral do Governo e o exercício da disciplina partidária proporcionaram assim ao país uma revisão em suas lideranças. E, o que é mais, a Revolução reafirmou e robusteceu a sua legitimidade na detenção do poder político, quando as eleições, tanto as majoritárias como as proporcionais, expressando a vontade do povo brasileiro, ainda uma vez identificam os princípios defendidos em março de 1964 aos propósitos e aspirações nacionais. Em outras palavras, esta afirmativa de legitimação do poder equivale à tomada de consciência em favor da Revolução. E não poderia deixar de sê-lo, pois nenhuma mudança social em profundidade preserva o Governo sem o consentimento das ideias-forças dominantes."

Tendo recusado tornar-se ditador, e lutado para evitar uma ditadura, a ampla vitória da Arena nas eleições de novembro deram alento a Castelo. Não significavam elas "o consentimento das ideias-forças"? A Nação ratificara pelo voto a política da Revolução. Desejoso de propiciar a Costa e Silva instrumentos legais para enfrentar dificuldades, sem recorrer a leis de exceção, Castelo, além da nova Constituição, que fortalecia o poder presidencial, completou esse elenco de medidas preventivas com a lei de Segurança, e a lei de Imprensa. Habilmente manejadas, elas proporcionariam ao futuro governo

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