Entretanto, nesse discurso, proferido no Instituto Agronômico de Campinas, ele não esqueceria de falar da política. E, no momento em que se compunha a oração, fez-me chegar esta recomendação:
"Tenho a impressão - dizia - de que devemos começar a parte política falando sobre o 3 de outubro, a eleição do futuro presidente. O calendário está sendo cumprido. A 15 de novembro, a outra etapa do calendário será efetivada. O Governo nunca pensou em mudar tais compromissos expressos nos Atos Institucionais 2 e 3. O novo Congresso será instalado e o futuro presidente empossado a 15 de março de 1967. A oposição, sem fundamentos cívicos e partidários, sempre vê o fantasma de prorrogações e adiamentos. Está patente, porém, que, consciente da sua fraqueza, se agarra na injúria do continuísmo e da supressão de eleições para conseguir pretextos de oposição. E o sintomático é que também o fazem para defesa da candidatura Costa e Silva... A adesão tem vários caminhos. O interesse de participar honestamente de uma nova situação política; a sobrevivência a ser negociada; o horror ao ostracismo e a luta pelo gozo do poder, etc. Elementos da oposição querem negociar uma adesão, valorizá-la, simular potência e dissimular fraqueza. A cobertura consiste na prestação do serviço de garantir, e só ela, oposição à candidatura Costa e Silva. Etc. etc.
Se o calendário e as posses constituem compromissos tomados para com a Nação e a Revolução, constantes dos Atos Institucionais 2 e 3, estes são, por sua vez, compromissos tomados pela Revolução e referentes à garantia dos destinos da Nação e da efetivação do movimento de 31 de março de 64. O Governo tem que ser fiel a esse compromisso. Os Atos continuam e serão executados de acordo com as datas neles fixadas. A sua aplicação não tem prejudicado a Nação, nem os três Poderes nacionais. O S. T. Federal mais acentuou a sua capacidade. O Congresso adquiriu condições de deliberação mais eficientes e modernas. Os artigos 14 e 15 [do AI-2] não prejudicaram as suas faculdades de trabalho. De vez em quando, o sentimento de culpa, a consciência insegura de alguns aparecem angustiados e querem transformá-los em honra do regime. Convém recordar. Nos desvãos do Palácio do Planalto preparou-se o fechamento do Congresso, delineada foi a operação militar de uma melancólica dissolução. Planejada também foi a operação não melancólica, mas espetacular, de uma manobra de envolvimento do Congresso com uma revoada de paraquedistas com o fim de extingui-lo. Um e outro eram operações de requintada guerra revolucionária. Pois as tropas operacionais estavam sendo ajudadas por uma aguerrida quinta-coluna formada por deputados e senadores, alguns (ou muitos) hoje pertencentes à oposição que defende hipocritamente a honra e a dignidade do Congresso e dos Congressistas."