O Governo Castelo Branco

No fundo a invariável irritação, em face dos que insistiam em dizer que o Presidente planejava continuar. De acordo com as instruções, a réplica aos inventores da balela do continuísmo foi inserida no discurso presidencial. Até o fim explorariam esse fantasma.

O discurso mostrava quanto o país mudara. Era mesmo extraordinário como passara da anarquia para a ordem, e da estagnação para o desenvolvimento. Somente em alguns setores da indústria (química, petroquímica, metalúrgica, mecânica, têxtil, couros e produtos alimentares) havia investimentos programados de 800 bilhões de cruzeiros. Na pecuária, um projeto previa a longo prazo a inversão, juntamente com o Banco Internacional, de 240 bilhões. No setor educacional liberavam-se recursos para atender anualmente um milhão de crianças a mais, de modo que extinguiria, em quatro anos, o déficit de escolarização urbana na faixa dos sete aos 11 anos. Iniciava-se o que o famoso banqueiro Abbs, presidente do Deutsche Bank, denominou "o milagre brasileiro". Expressão imprópria, aliás, diria Delfim Neto, pois enquanto o milagre é o efeito sem causa, a recuperação brasileira era a consequência de correto plano econômico e financeiro.

Deve-se admitir que, embora não realizasse quanto ambicionara, Castelo tinha por que acreditar no êxito do Governo. A inflação, se não fora debelada, estava certamente atenuada e disciplinada. Conforme assinalou na última mensagem ao Congresso, "procedeu-se em curto período a uma mudança global de estruturas. Da reforma financeira à reforma agrária ou universitária, despontam em todo o Brasil novas atitudes e novas perspectivas." Particularmente grato fora-lhe a votação da nova Constituição, que tinha como a institucionalização, e, portanto, a projeção, no tempo, das reformas efetuadas. Dela escreveu o Presidente: "Ao tempo em que proclama as liberdades e garantias individuais, ela também se ocupa das pré-condições socioeconômicas indispensáveis para efetivá-las, como atributos de todos."

Da maneira por que encarava o trabalho efetuado, um dos melhores testemunhos é a entrevista concedida pelo Presidente, no fim de outubro de 66, a um jornalista norte-americano, Hal Hendrix. "Das realizações do seu Governo - perguntara-lhe o jornalista - quais são as que considera as principais?" A resposta:

"Meu Governo não atacou apenas em uma frente. Temos operado em diversas frentes. Não tem havido dispersão de nossas forças. Foi necessário restabelecer e recuperar nas várias zonas da Política Governamental, da Política e da Administração. Procuramos alcançar a ordem na Política Governamental e na Política, nas Finanças, na Economia e na Vida Pública. a) Política Governamental. Nossa atuação destinou-se à recuperação das instituições do Brasil e a eliminar

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