O Governo Castelo Branco

fazer a regulamentação por decreto. Entretanto, havendo transpirado a notícia, as classes conservadoras de São Paulo, para as quais a medida soava como hecatombe, mobilizaram-se para impedir o decreto. A iniciativa foi do presidente da Federação das Indústrias, Teobaldo De Nigris, que contou com o apoio de Brasílio de Alcântara Machado e Daniel Machado de Campos, presidentes, respectivamente, da Federação do Comércio e da Associação Comercial. E uma chuva de apelos, advertências e alegações chegou à Presidência, mostrando as inconveniências, e, mais que isso, os perigos para o desenvolvimento do país. Apesar do negro quadro, o Presidente mostrou-se pouco propenso a ceder. Por fim, o industrial Fernando Alencar Pinto, ligado a Castelo por laços de amizade e de parentesco, logrou demovê-lo: o assunto seria entregue à deliberação do Congresso, poder competente para a deliberação.(7) Nota do Autor Na realidade o Presidente convencera-se de já ser tarde para tomar sozinho a medida, que diziam capaz de desorganizar a vida empresarial do país.

Insistiu, porém, em submetê-la ao Legislativo. E, na véspera de transmitir o Governo, recebida a exposição de motivos dos ministros Bulhões, Campos e Nascimento Silva com o projeto respectivo, ele o enviou ao Congresso. Bulhões e Campos, pouco favoráveis à iniciativa, adotaram fórmula por eles próprios tida como flexível, e destinada a evitar atritos entre empregados e empregadores. Castelo, reformista, fazia a sua parte. A Mensagem, datada de 14 de março de 1967, seria a derradeira que o Presidente submeteria ao Congresso.

Nesse mesmo dia, Juarez Távora, que tivera o ônus de ordenar os dois setores mais convulsionados, o portuário e o ferroviário, anunciou ao Presidente a chegada a Brasília da primeira locomotiva. Era a festiva e custosa conclusão da ligação ferroviária com a nova Capital.

Chegara a hora das despedidas. Ao assumir o Governo, a primeira visita fora ao Supremo Tribunal Federal. Agora, para ele, seriam também as derradeiras homenagens do Presidente. Havendo preservado a alta Corte de Justiça das intempéries revolucionárias, ela, agora, o acolhia reconhecida. Saudou-o o ministro Gonçalves de Oliveira, que a presidia.

"À Nação e à História pertence o julgamento do seu Governo. O que posso dizer a Vossa Excelência, Senhor Presidente, é que pelos tempos afora, em qualquer fase desse julgamento, ninguém negará jamais a Vossa Excelência as suas notáveis qualidades de cultura e inteligência, a fidalguia no trato, a inteireza moral, a dignidade, a

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