O Governo Castelo Branco

dos estabelecimentos, e o aluno, na sua quase totalidade, está efetivando a opção de voltar-se para o ensino e os problemas que lhe são pertinentes."

Mais do que qualquer outra oração, esta foi propositadamente cercada de solenidade. Quando o Presidente, na tarde de 14 de março, entrou na sala de reuniões do Ministério, ali estavam, além de parlamentares, o vice-presidente José Maria Alkmin, os líderes das duas Casas do Congresso, e os governadores Nilo Coelho, Sarnei, Israel Pinheiro, Lamenha Filho e Ivo Silveira. Para Castelo era o "canto do cisne". Num exemplar oferecido ao coronel Morais Rego, colocou esta dedicatória: "Somos também ligados pelo ideal e pelos objetivos da Revolução. Certamente este discurso é o meu 'canto de cisne'. Nele estão o ideal e os objetivos. Guarde como uma lembrança do velho camarada e amigo sempre reconhecido. H. Castelo Branco. Brasília, 14 março 1967." O ideal permanecia sem jaça.

Castelo revivia um passado cheio de dificuldades. Vencê-las havia sido o seu trabalho e a sua grandeza. Evocando a situação em que encontrara o país lembrou a pilha de impasses que enfrentou: impasse cambial, impasse habitacional, impasse na política mineral, impasse rural, impasse nos serviços de infraestrutura, impasse sindical e impasse na política internacional. Estendendo a vista sobre essa cordilheira de obstáculos que já pertenciam ao passado, surpreendia verificar-se que os transpusera a todos no curto espaço de três anos. Legítimo síndico de uma massa falida, como se chamara a si mesmo, ao chegar ao Governo, Castelo recebera realmente uma safra de encalhes, que, paciente e corajosamente, eliminara, abrindo caminho para a ordem e a prosperidade. E, a pouco e pouco, o que antes havia sido motivo ou pretexto para protestos, invectivas e agitações, fora sendo retirado "da agenda da demagogia."

A Nação dera volta de 180 graus. Havia pouco que, em mensagem ao Congresso, o Presidente afirmara que "o Brasil deixou de ser o país dos problemas impossíveis, do impasse político, da instabilidade social, do imobilismo administrativo." Em três anos tudo mudara. Tanto quanto a ideia da autoridade, que possuía arraigada, o Presidente tinha a da colaboração. O regente era importante, mas os músicos indispensáveis. Daí nunca esquecer uma palavra de agradecimento - o que fazia com largueza e generosidade aos que o ajudavam. No discurso em que, virtualmente, encerrava a sua missão de Presidente, o reconhecimento aos auxiliares seria amplo e significativo: "Desejaria muito dar o meu reconhecimento; salientar o nosso estilo: governar com os ministros..., etc." Realmente assim fora.

À medida que voltava as páginas, era visível a emoção do Presidente, que falava em meio de completo silêncio. Já no final, lembrou como usara o poder:

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