O Governo Castelo Branco

"O EME, como principal órgão assessor do ministro da Guerra, tem sido consultado nos assuntos que lhe são pertinentes e seus pareceres são sempre levados em alta consideração às decisões ministeriais.

Os Comandos subordinados têm sido informados oportunamente das decisões ministeriais, através de Rádios, Notas Especiais Reservadas e Boletins de Informações.

A mensagem, dos ministros militares não foi emitida a propósito 'da entrevista violenta de um político oposicionista', e sim, entre outros aspectos, visava deter as atividades subversivas de homens com a responsabilidade de governadores de importantes Estados da Federação.

O Exército Brasileiro, meu caro Castelo, tem uma tradição ímpar no cenário sul-americano, de sintonia com as justas, cristãs e democráticas reivindicações do povo. Seu papel portanto será decisivo para que a evolução de nossa sociedade se faça sem que corra o sangue generoso de nossa gente. A compreensão deste problema por parte dos chefes militares é fundamental para vencermos as dificuldades momentâneas."(9) Nota do Autor

Amena à primeira vista, a carta, no fundo, implicava em discreta censura. Depois dela poderia haver uma trégua, dificilmente a paz. Até porque as feridas eram recíprocas e o Presidente vira-se compelido a pedir a retirada da mensagem sobre o estado de sítio. Contingência desagradável, que arranhava a autoridade presidencial, apesar das explicações para justificar o recuo. Aliás, o episódio não ficou nos bastidores. E O Estado de São Paulo noticiou sem rebuços:

"Ora, o que na realidade se verificou foi o seguinte: o Chefe do Estado-Maior, general Castelo Branco, depois de um consciencioso balanço do que se estava passando no País e diante das proporções que assumia o clamor público contra a perigosa aventura em que acabavam de engajar-se o Presidente da República e seus ministros militares, resolveu, em documento com a chancela do Estado-Maior do Exército e dirigido ao ministro da Guerra, manifestar-se formalmente contrário ao estado de sítio."(10) Nota do Autor

Tomada uma decisão, Castelo não ficaria a meio caminho. E tornara-se evidente a sua disposição de enfrentar os que empurravam o país para a ditadura de uma república popular. Contudo, temeroso de um passo em falso, jamais se precipitaria. Esperaria a situação amadurecer. E, enquanto aguardava, promoveu, com as armas ao seu alcance, a mobilização dos camaradas do Exército, convicto das

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