PERGUNTAS A MARCELINO TROPEIRO
E logo no mesmo dia mez e anno, passando-se a interrogar ao preto Marcelino cabiuda tropeiro escravo de Joaquim José dos Santos. Disse o dito Marcelino, que nenhuma viagem que foi para São Paulo, levou cinco patacas remetidas pelo Diogo, para entregar a João Barbeiro, e este recebeo o dinheiro, e remeteo huma boceta e huma carta do mesmo Barbeiro para entregar aqui ao Diogo e que não sabia o que vinha na boceta, nem o que continha a carta, e que depois de lhe entregar, que houverão dous mezes a esta parte, adoecera e té agora não andou mais na tropa; e que sabe que os escravos do hum titulo de Feitiços, ocultando o trama que permeditavão, amaior parte, seu Senhor, e ahi fazião ajuntamentos secretos, os quaes lhe davão os cabeças hum titulo de Feitiços, ocultando o trama que permedittavão, amaior parte, que não julgavão com segredo, e que finalmente o cabeça era João Barbeiro na cidade, e que nesta, o que figurava de caixa dos dinheiros e a quem todos obedecião era Diogo, que o Reo chama de Pai, emais não disse.
Epara constar fis este Termo que assignarão Juis, Promotor, e Curador depois de lido por mim Manoel Francisco Monteiro Escrivam de Paz o escrevi = Cunha — Joaquim José Soares de Carvalho, = João Maria de Couto.
PERGUNTAS AO PRETO ANTONIO CABIUDA
Elogo no mesmo dia, mez, e anno, passando elle Juis de Paz o Capitam José da Cunha Paes Leme, o Promotor Joaquim Jose Soares de Carvalho, e o Curador ad litem João Maria de Couto a interrogarem ao preto Antonio Cabiuda escravo de Dona Blandina, filha do Capitam Mor Floriano.
Disse o Reo que he verdade que se juntou algumas vezes digo algumas noites com outros escravos Januario, seu parceiro, e hião a Fazenda de Donna Anna de Campos, onde se juntavão tão bem escravos de outra parte occultamente sem que os brancos soubessem, e ali tratavão de varias conversas occultas, e elle Reo deo a Januario seu parceiro dinheiro, que de entre elles dous, andou em vinte esinco patacas, e dous Lenços, que tudo o dito Januario levou a entregar a Diogo escravo de Joaquim dos Santos, como cabeça de todos os escravos entrados nesta tentativa; emais não disse.
Epara constar fiz este Termo que assignão Juis, e officiais depois de lido por mim Manoel Francisco Monteiro Escrivam de Paz o escrevi =
DECLARAÇÃO
Declaro que o Reo confessou o que fica dito, sem constrangimento de castigo, nem ferro, e sim mui voluntariamente.
Eu Manoel Francisco Monteiro o escrevi = Cunha = Joaquim Jose Soares de Carvalho = João Maria de Couto =
PERGUNTAS AO ESCRAVO JOAQUIM MESTRE FERREIRO DO CAPITAM JOAQUIM JOSE TEIXEIRA NOGUEIRA
Aos quinze de Fevereiro de mil oito centos trinta e dous nesta villa de São Carlos, em casas do Juiz de Paz Jose da Cunha Paes Leme estando prezentes o Promotor Joaquim Jose Soares de Carvalho, e o curador ad litem o Tenente João Maria de Couto, por elle Juiz ad junto com os ditos officiais procederão no interrogatorio, ao preto Joaquim Mestre ferreiro do capitão Joaquim Jose Teixeira Nogueira, que para este fim foi conduzido de baixo de prizam.