a destreza para cavalgar e a habilidade em manejar a lança, a espada e o arco.
Nada mais semelhante, na forma como na alma, à figura magnífica dos que foram — no pampa — campeadores de distâncias. O gaúcho, como o beduíno, sempre pareceu uma sentinela perdida, de vigia permanente ao seu silêncio e à riqueza de seu mundo. Amou as campereadas pelo prazer das correrias e dos imprevistos. A rodada nunca lhe surpreendeu preso aos estribos. Enquanto a montaria rasgava a terra, lavrando a grama, de foucinho em sangue — a rolar sobre o chão — rebentadas as cordas e espatifados os pelegos, ele saía, garboso e sorridente, de pé, com o cabresto na mão.
Como as campereadas, a guerra lhe foi um esporte. Nesta latitude, para estas raças, a guerra constitui uma necessidade. É bela. Pela renúncia da vida e pelos rasgos de heroísmo. Por isso, na ausência dos recontros, ainda se defrontam os homens, uns com os outros, em duelos singulares, a faca, e as regras da luta, o favor e o sacrifício, ainda dependem do céu. A generosidade é uma virtude como a vingança. Conta Le Bon que os árabes, segundo suas leis religiosas, preferem as penas de Talião a outras modalidades de justiça. E narra que um crime de assassínio atinge à totalidade da família — cujas vinganças se multiplicam e se perpetuam, segundo o código de honra do deserto que manda vingar o sangue com o sangue.
Na tradição rio-grandense, de fundo cristão, esse traço hereditário do árabe prevaleceu sobre os ensinamentos do perdão. Famílias gaúchas, nas campanhas,