Gaúchos e beduínos

A origem étnica e a formação social do Rio Grande do Sul

lutaram decênios, quase ao extermínio na aplicação rigorosa dos mesmos princípios muçulmanos da vingança. Euclides da Cunha observa, no Nordeste Brasileiro, o mesmo fenômeno dessas lutas de família, que comprometem as próprias descendências que esposam as desavenças dos avós, criando uma quase predisposição fisiológica e tornando hereditários os rancores e as vinganças.

O beduíno tem como o gaúcho a linguagem do homem que vive no mistério das longas horas de silêncio. Aquela mesma linguagem, simples e humana, que João Simões Lopes Netto foi apanhar — cheia de lirismo — no convívio dos velhos gaúchos, de fazenda em fazenda e de galpão em galpão.

Sarmiento comentando que as modificações análogas do solo trazem análogos costumes, mostra que as descrições de Fenimore Cooper parecem plagiadas do pampa, assim como somos impelidos a encontrar nos hábitos e maneiras dos homens americanos do Sul a revivescência fiel e nítida dos trajes e costumes, e até da fisionomia grave dos beduínos.(143) Nota do Autor

No retrato psicológico do árabe o fatalismo é nota predominante. No seu livro sagrado — de poesia e doutrina — uma palavra resume sua atitude moral diante do mundo e da vida: — "Mactube !" — estava escrito.

O espírito espanhol é biface, como a Jano da mitologia grega. Por um lado suporta, com inteireza, todas as vicissitudes: é a face estoica e fatalista; por outro, tudo despreza, e renuncia: é a face mística.

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