Gaúchos e beduínos

A origem étnica e a formação social do Rio Grande do Sul

Com o estoicismo confunde-se no espanhol o fatalismo, herdado do sangue árabe.

Ressalta, constante e eloquente, no filho da Espanha, essa filosofia da resignação às forças superiores que traçam o destino do homem.

"Será lo que Dios quiera" — exclama o povo, nas suas horas incertas, ante a miséria ou as ameaças da Morte. "Vida que Dios guarda nadie la quita." — diz o soldado em face do perigo iminente. Até nos mais soberbos e mais ilustres este fatalismo é característico. Ao saber da ruína completa da Invencível Armada, que tantos sacrifícios impusera ao país e tantas esperanças trouxera a seu povo, que palavras profere Felipe II? — "Yo no mandé mi Armada a luchar contra los elementos".(144) Nota do Autor

São dispensáveis malabarismos verbais para apontar-se na alma cristã do gaúcho o imperativo desse traço hereditário, que Dávalos surpreendeu no platino — "Que lhe hemos de hacer, señor?" que conhecemos no rio-grandense — "Tinha de acontecer!" — ao que o árabe responderia, simplesmente — "Mactube!".(145) Nota do Autor

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