Ingleses no Brasil

Aspectos da influência britânica sobre a vida, a paisagem e a cultura do Brasil

1453, de Dom Manuel, 1495, que asseguravam aos nascidos na ilha além da Mancha uma situação tal que levou muitos portugueses a rogarem a seus reis "carta de privilégios de ingleses".

Entre o tratado assinado ao tempo de Cromwell e o de Methuen houvera o de 1661, polpudo de regalias aos britânicos, sendo de notar-se o direito de moradia de quatro famílias inglesas na Bahia, em Pernambuco e no Rio de Janeiro. A sombra do poderio inglês crescia sempre e cada vez mais densa sobre Portugal e suas colônias. E de pouco valeriam os esforços de Pombal para evitá-la. Na segunda metade do século XVIII havia só em Lisboa mais de cem casas comerciais inglesas e em mãos inglesas estava quase todo o comércio de vinhos. Portugal era sem maior exagero a "vinha do Inglês'', e não tardaria que em vinha do inglês, como expressão de domínio econômico, se transformasse o Brasil: a transferência da família real portuguesa para a sua colônia americana, processada sob os conselhos e o amparo da Inglaterra, ia propiciar o ensejo.

Inicialmente, o ato de abertura de nossos portos, em 1808, ao comércio das nações amigas, equivalia a abri-los de preferência aos britânicos. Começa então a história propriamente dita das relações anglo-brasileiras, pouco estudada entre nós até agora e para cujo conhecimento o novo livro de Gilberto Freyre traz contribuição definitiva. Sem hesitações, os ingleses se convenceram de que encontrariam no Brasil excelente oportunidade para a expansão de sua indústria e de seu comércio; e, aproveitando-se, como bons realistas, das circunstâncias favoráveis, continuaram a mesma política, que vinham pondo em prática com Portugal: obter o máximo de favores, o máximo de lucros. A ilha dos santos, dos poetas e dos comerciantes parecia então habitada apenas pelos últimos. Não se poderá acusar de enfático quem disser que os primeiros anos de D. João no Brasil foram de quase curatela inglesa. Se ao tão falado apetite do príncipe regente não correspondiam: boas digestões, seus pesadelos hão de ter sido muitas vezes com Lord Strangford, o britânico de pouco tato sempre a imiscuir-se em negócios que não lhe diziam respeito, e apontado por maldizentes da época como amoroso de Carlota Joaquina. A verdade é que Strangford se viu obrigado a deixar o Rio de Janeiro em seguida queixa de D. João ao governo britânico, mas depois de

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