Há anos que penso em escrever alguma cousa sobre a influência dos ingleses no Brasil — ingleses, é claro, no sentido de britânicos — que vá além dos simples improvisos até hoje aparecidos em torno do assunto. E há anos que venho colhendo material para esse estudo ou ensaio.
Chegou-me agora a veneta para escrevê-lo. A veneta e, devo ser franco e confessar o resto, também o receio de que algum aventureiro me arrebate da mão um assunto há anos namorado por mim: o estudo dos atos, das aventuras e até dos abusos de ingleses espalhados pelo Brasil do século XIX como cônsules, negociantes, técnicos, mecânicos, missionados; ou aqui chegados antes sob a forma de piratas ou simplesmente de viajantes ou aventureiros.
Ao vasculhar a documentação já reunida e as notas de interpretação já esboçada, descobri que eram mais copiosas do que imaginava. Na verdade, quase me assombraram pela abundância e pelo número. Resolvi, então, publicar desde já sobre o assunto este primeiro volume ao qual devem seguir-se outros dois: Outros Ingleses no Brasil e Ainda Ingleses no Brasil.
Em Ingleses e, particularmente, em nota prévia ao estudo da influência britânica no Brasil através de anúncios de jornais publicada no nº 2 da revista da Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa do Rio de Janeiro, em 1939, já arranhara o tema. Mas agora é que realmente me aventuro a penetrá-lo, do ponto de vista que vem sendo o meu noutros trabalhos ou tentativas de reconstituição e interpretação da história e do ethos do homem brasileiro. Trabalhos empreendidos com novos andaimes, além dos geralmente empregados em obras de reconstituição histórica ou sociológica; talvez, com novas perspectivas: e sem