(32) - De Laet, com sua habitual ingenuidade, diz à p. 172 de seu livro: "A Companhia contribuiu para a salvação pública com tudo aquilo de que dispunha, quer quanto a munições, quer quanto a outro qualquer material de guerra, como, aliás, todos os verdadeiros patriotas devem fazer, em circunstâncias idênticas (ende de Compagnie contribueerde alles wes zig veerdich hadde van ammunitie ende anders tot dienste van't ghemeijn, ghelijch alie liefhebbers des vaderlands in sulcken toestand gehouden zijn te doen) Entre todos os habitantes da República das Províncias Unidas prevaleceu essa disposição de espírito, durante o tempo em que houve um iminente perigo. A divisa "Concordia Res Parvae Crescunt" não era lida somente nas moedas, mas também no coração do povo. E foi o culto dessa velha legenda que fortaleceu o poder da Holanda, no século XVII.
(33)- O Last para aferir a tonelagem dos navios é uma medida ainda em uso na Holanda e equivale a duas toneladas. Para se ter uma ideia perfeita do aspecto externo de um navio daquele tempo, basta dizer-se que as dimensões de um barco de 200 lasts eram de 125 pés renanos de comprimento, 29 de largura e 11 1/2 de profundidade até a quilha. (De Jonge - I, p. 392, extraído de um documento oficial de 1630). O tombadilho desses navios era muito mais alto do que o resto do convés.
(34) - A ilha de Antônio Vaz, onde hoje está localizado o bairro principal da cidade de Pernambuco, separa-se do continente por dois braços da embocadura do Capibaribe. Há geógrafos que afirmam ser essa ilha formada pela conjunção dos rios Capibaribe e Beberibe, hipótese que nos parece menos aceitável do que a primeira. O braço sul do Capibaribe é indicado nos antigos livros holandeses, e em Southey, com o nome de Afogados.
(35) - Para tratarmos, com exatidão, da tomada de Olinda e de suas fortalezas, consultamos Southey, De Laet, Aitzema, Van Kampen, Wagenaar e vários outros autores holandeses e estrangeiros. Podem ser também folheadas numerosas brochuras existentes na coleção que se chama "Biblioteca Duncaniana", publicadas em 1630 e que se referem à queda daquela cidade em nosso poder. Essas brochuras foram, na sua maioria, escritas por testemunhas oculares; elas entram em curiosos pormenores que, aliás, estão de pleno acordo com a narrativa de De Laet. Existe ainda uma cópia impressa do relatório oficial de Weerdenburch, dirigido aos Estados-Gerais, concernente à conquista de Olinda, cópia que possui ainda maior valor por não se achar no Arquivo Real, nem no da Companhia, em Amsterdã, o original desse documento. Encontrar-se-á o título de algumas das brochuras acima aludidas na relação de obras consultadas logo após o prefácio deste livro.