Os holandeses no Brasil: notícia histórica dos Países-Baixos e do Brasil no século XVII

das suas colônias com os postos em prática pelos holandeses, temos certeza de não se inclinar a balança para o nosso lado. Que nos desculpem essa digressão, que teve o único fito de acentuar as sistemáticas hostilidades da imprensa inglesa no tocante à política colonial dos Países Baixos. Nem Laet, sempre tão criterioso e sincero, nem tão pouco nenhuma das brochuras contemporâneas da tomada do Arraial, se referem às crueldades de que fala Southey. Que alguns soldados hajam praticado excessos não o negaremos; são atitudes lamentáveis, sem dúvida, mas comuns de parte a parte, máxime quando, como já fizemos notar, as tropas são compostas de mercenários, verdadeiro rebutalho da sociedade de todas as nações da Europa. A melhor prova do que afirmamos está em De Laet, página 424, quando esse autor escreve que para se comemorar a tomada de Cabedêlo foram realizadas cerimônias religiosas em ação de graças e nelas a oração foi lida em holandês, francês e inglês. Não o ignorava Southey pois alude a esse fato, tendo-o bebido em De Laet; deste modo deveria ter sido mais comedido nas suas invectivas contra os holandeses.

(58) - O texto dessas capitulações se encontra em De Laet - pags. 464 e 481. Foram os prisioneiros transportados para a ilha Terceira e a de São Vicente. Conservaram como reféns apenas dois capitães espanhóis até o regresso dos navios que conduziam os presos.

(59) - Engana-se Southey ao atribuir no seu volume I, p. 592, a tomada da ilha de Fernando de Noronha, em 1635, a Jol; o Padre Santa Teresa, tomo I, p. 169, labora no mesmo erro. Nenhum historiador holandês, nem mesmo De Laet, faz alusão a qualquer expedição contra essa ilha em 1635. De qualquer modo, porém, a Jol é que seria impossível fazê-la, porque saiu de Texel com seu iate em 25 de dezembro de 1634, de rumo às Índias Ocidentais, cujos mares cruzou durante todo o ano de 1635, e, no regresso à pátria, caiu prisioneiro dos corsários dunquerqueanos. Vêem-se pormenorizadas narrativas dos gloriosos feitos de Jol, como também de Lichthardt, em De Laet, Engelberts Gerrits, e em Meven en Daeden der Door! Zeebelden (1683), etc.

(60) - Os Albuquerque, citados várias vezes nesta obra, eram descendentes de Afonso de Albuquerque que ficou célebre como vice-rei da Índia. São ainda hoje os Albuquerque uma das mais importantes famílias do Brasil; vimos no Almanaque brasileiro de 1853 existir ali um Conselheiro de Estado e Senador pela província de Pernambuco chamado Antonio Francisco de Paula Holanda Cavalcanti d'Albuquerque. Ordinariamente, é ele tratado por Senhor Holanda, reminiscência muito curiosa, sem dúvida,

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