de um modesto funcionário diplomático inglês que ia tomar conta de seu cargo num distante país qualquer. Mas, o desejo de se descobrir o príncipe era de tal monta que transferiram as suspeitas para um outro sujeito que, após jantar vagarosamente, desaparecia da vista de todos. Também esse não tinha sangue azul. Soube-se por um seu companheiro de camarote. Era apenas, igualmente, um inglês, que tendo ouvido falar dos diamantes do Brasil, para lá se voltava à procura dessas pedras preciosas, muito embora lhe houvesse custado arranjar dinheiro para a passagem. Quem me dera estas informações fora um jovem de fisionomia bondosa e inteligente e que tinha sido, contra a vontade, enviado ao Brasil como correspondente da Revue des Races Latines. Pobre Alteve Aumont! Seria uma das próximas vítimas da febre amarela, que no ano passado arrebatou todos os meus amigos. Ele me assegurara que seu parceiro de camarote, longe de ser um príncipe, nem sequer tinha roupa suficiente e, por isso, mal acabava as refeições, recolhia-se para poupar o pouco de indumento que possuía. Todavia, as suposições não diminuíam a bordo e o alvo delas se encontrava realmente entre nós; nada de suas atitudes fazia atrair para si a suspeita de ser o procurado príncipe; vivia, como todos os outros passageiros viviam, cercado de alguns amigos e estes, veio a se saber depois, eram seus próprios ajudantes de ordens ou oficiais da sua comitiva. Quem tudo revelou foi a atenção especial do comandante para com essa personagem privilegiada, destinando-lhe um camarote numerado perto do mastro principal da embarcação a fim de poder o príncipe apreciar à vontade o mar, sem estar exposto ao vento áspero que soprava. Não preveniram, contudo, a Sua Alteza ter esse camarote servido, em viagem precedente, de isolamento para vários passageiros atacados de febre amarela, doença a preocupar todo o mundo.