lá, o clima se transforma como por milagre. A 13 entrávamos no Tejo, não podendo admirá-lo por ser noite. Lançamos ferro ainda cedo defronte da cidade. Achava-se no porto o navio "Avon", há pouco chegado do Rio. Havia quarentena para ele, por trazer doentes a bordo, tendo falecido durante a travessia vários outros passageiros. Quem já viveu em lugares flagelados pelo cólera ou a peste avaliará nossa ansiedade quando o capitão do "Tyne", pelo porta-voz, indagou de seu colega do "Avon" acerca do estado sanitário do Brasil. A temível febre amarela ia desaparecendo pouco a pouco. Foi essa a resposta, mas felizes os que conheciam o inglês e puderam logo compreender a frase do capitão do "Avon". Mesmo assim estavam expostos às variadas traduções que se fizeram. Esqueceram-se, porém, depressa as inquietações e voltaram as esperanças. Até os enjoados se sentiram bem e tratou-se sem demora de ir a terra, pisar em solo firme; inúmeros botes cercavam o vapor e era só escolher um deles. Ao desembarcar, tive a agradável surpresa de testemunhar a mutação do ambiente: às enervantes brumas inglesas, ao frio penetrante deixado havia dias, sucedera verdadeira primavera. Bem vizinho ao cais, contemplei lindo jardim, cheio de flores tropicais. Passado esse primeiro momento de espanto, já habituado ao bem-estar oferecido pelo sol, pela terra firme e pelas belezas naturais, ainda mais expressivas aos olhos dos recém-vindos, experimentei, após minha partida, o primeiro momento de satisfação. Entrei assim de bom humor pela cidade a dentro, disposto a gostar de tudo o que fosse vendo. Quase repeti comigo a frase de Maria Stuart: "Tinha vontade de abraçar a todo mundo." Mal caminhava um pouco, ouvi música militar e logo depois notei que muita gente corria; por minha vez apressei os passos e vi, em meio à multidão, o príncipe, meu companheiro de viagem, seguido de numerosa comitiva, onde avultavam as fardas. Sua Alteza