Dois anos no Brasil

marinheiros e mandou-os pôr a ferros, o que certamente lhes ajudou a cura.

No dia posterior ao da nossa partida de Pernambuco, quando todos os passageiros ainda estavam deitados, vi aparecerem à popa do navio esses delinquentes da véspera. Eram conduzidos por um companheiro investido das funções de "capitão de armas"; este amarrou-os a uma das escadas dos ovens de bombordo, e o mestre de equipagem trouxe um grande cartaz, sem dúvida do regulamento marítimo. O comandante e o imediato leram calmamente os artigos que se referiam às penas impostas com um ar de quem acrescenta: "Nós sentimos ter de fazer isto, mas é da lei." Terminado esse pequeno conselho de guerra, os culpados foram paternalmente postos a ferros.

Entre Pernambuco e Bahia nada de novo: baleias, aves marinhas, peixes-voadores, apenas. Para começar minha coleção de objetos de história natural, pedi a um marinheiro que me preparasse um desses peixes-voadores que ele conseguira pescar; meteu-o num barril de salmoura e, após essa indispensável precaução, estendeu-o numa tabuazinha; com o auxílio de alfinetes, abriu-lhe as barbatanas que servem de asas e devassou esse curioso engenho que, ao contato com o ar, se tornou completamente rijo. Foi minha primeira lição de embelezamento.

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