não era como no Rio; o ar não era perfumado como no Rio. Contudo, quanto a este último conceito eu poderia arriscar certa restrição: aproximávamo-nos de um cais povoado de negros que traziam certos objetos cuja utilidade a principio não pude perceber bem. Milhares de gaivotas voavam-lhes em torno. Que quereriam as aves? Pareceu-me grande intimidade as ligava aos negros, sobretudo aos recém-chegados. Nada podia, porém, arrancar o meu amigo à sua admiração. Ele já me mostrara o rochedo conhecido de todos os navegantes, o Pão de Açúcar; depois o Corcovado, de onde se descortina amplo panorama; e, como tivesse notado no pico dessa montanha ponto branco semelhante a neve, fui informado de que, tendo-se dado vários desastres na travessia de um precipício, o governo mandara construir ali uma espécie de parapeito. E, desde essa época, nunca mais houve acidente a lamentar. Todo mundo que aqui chega vai ao Corcovado admirar a "vista"; é assim que chamam os cenários que desse alto se desvendam. Também se visita o Jardim Botânico, não tanto pelas riquezas de história natural que possui, mas para ver uma alameda de palmeiras de uma beleza realmente notável.
Entrementes, fundeávamos dentro do porto. Não se devia pensar em conduzir logo suas bagagens; tinham de ir para a Alfândega e ali demorariam dois ou três dias. O jeito era levar num embrulho alguma coisa necessária durante esse tempo. Inúmeros botes cercavam o vapor. Uns, vazios, à cata de fregueses, outros trazendo famílias e amigos. Desembarquei com meu companheiro de viagem, num bote onde já se encontravam as pessoas que o tinham vindo receber. O Sr. Aumont, com quem a bordo eu fizera relações mais íntimas, atraído por grande simpatia, já desembarcara e me prometera arranjar bom quarto no hotel Ravaud, a nós recomendado.
Ao pôr o pé num cais, o dos Mineiros, escorreguei e quase caí ao mar; dali tomei a rua Direita, em parte