de ver um francês. E vi-me assim a dar explicações de cada retrato ou motivo a um grupo de amadores dos mais curiosos. Um homem vistoso, de costeletas pretas, parecia-me sobremodo interessar-se por tudo; evitava-me o trabalho de manter os desenhos diante dos olhos da assistência e fazia-o ele mesmo, embora às vezes apresentasse uma paisagem de cabeça para baixo. Um outro desses apreciadores, depois de haver contemplado vários retratos de índios, mostrou-se intrigado por encontrar entre aqueles desenhos um que representava uma floresta, e não percebia bem a diferença entre os assuntos... Explicaram-lhe então tratar-se de uma paisagem. Não acreditou muito... e a prova é que, descobrindo novamente um índio de cabeça para baixo, perguntou logo se se tratava de árvores. Revirei o desenho e disse-lhe em francês, com um sorriso afável: "On t'en donnera comme cela des feuilles, animal!". Em suma: eu tivera maior êxito entre os selvagens. Com estas considerações, um tanto humilhado, apressei-me em guardar tudo no seu canto costumado na canoa.
Passei a noite numa das várias redes existentes em casa do promotor e no dia seguinte trouxeram-me um índio com a promessa de vir mais tarde outro. O soldado estava já ao meu dispor. Policarpo pernoitava sempre na embarcação. Ao saber que teríamos novo guarda, declarou-me: "Para que tanta gente? Com um só remador desceríamos o rio até o Pará, se o Sr. quiser. Além do mais, com o vento reinante nesta época, pode-se aproveitar a vela." Fiado nestas palavras, dispunha-me a ir ao promotor agradecer o outro remador e mesmo o guarda. Este, porém, não aprovou minha decisão: conhecendo bem os indígenas, achava arriscado a viagem com um remador só e sem um polícia para conter-lhe a possível fuga. Comprei pirarucu, farinha, vinho do Porto e voltei