que acontecesse mais. Os dois homens explicaram a demora pela distância percorrida; não tendo encontrado logo nenhuma casa, foram andando, andando, tendo sido preciso ir bastante longe para conseguirem com quem falar sobre a embarcação desejada. A explicação podia ter visos de verdade e aceitei-a. Policarpo desamarrou a montaria e nela colocou os objetos necessários. Ainda relutei um pouco em ir ver essa tal cobra, porque agitava-me pressentimento de que não devia tentar semelhante aventura depois do que há pouco me acontecera. Mas, por outro lado, tranquilizava-me a ânsia em que Policarpo se achava de regressar ao Pará. E persisti. Tínhamos partido há poucos momentos quando Policarpo me chamou para me entregar a espingarda de que me esquecera. Esse fato aumentou minha confiança nele e parti bem tranquilo. Miguel falava português: disse-me ser casado e ter filhos, razão por que me pedira um preço mais alto do que os outros. Tornamo-nos depressa bons amigos e compreendi que, se Policarpo tentara desencaminhá-lo, nada obtivera. Sabia que eu gostava de caçadas e interessava-se pelos resultados de minhas aventuras desse gênero. Policarpo nunca acertava na precisão das manobras quando eu queria visar uma ave ou um outro animal; errava o tiro por causa da sua falta de destreza. Miguel, ao contrário, era-me o primeiro a indicar um bom alvo e para lá dirigia com precisão a montaria. Ia-me conquistando a amizade. No entanto, nada da tal passagem estreita que exigia esta pequena embarcação! A aversão ao trabalho certamente provocara em Policarpo mais esta mentira: ele receara ter de ajudar a Miguel nesta excursão. Lamentei ter caído numa armadilha tão grosseira e com meus botões jurava não reincidir na boa fé e de regresso obrigar Policarpo a trabalhar o bastante para corresponder ao dinheiro que ganhava, por sinal três vezes mais do que Miguel. Quanto mais avançávamos, mais o rio se alargava, e pela primeira vez, ali, via altas montanhas