percevejo dos maiores (dão-lhes o nome de baratos, no Brasil), um percevejo muito mais feio do que os já vistos certa vez na minha mocidade. Um navio de guerra, no qual eu vivera durante um ano, trouxera do Senegal alguns bichinhos dessa espécie e de tal modo proliferaram que, com pouco tempo, toda a embarcação fôra por eles invadida. Muitos anos se passaram, mas quando deles me recordo ainda fico todo arrepiado. E eis-me de novo às voltas com os terríveis percevejos. A cama do Sr. Aumont ainda estava mais infestada do que a minha. Tivemos de nos sentar nas cadeiras e, de velas acesas, esperar com paciência que clareasse.
No dia seguinte ao da nossa chegada fui visitar o Sr. Taunay, cônsul da França, para quem trouxera cartas de recomendação. Duas pessoas ali conversavam. Uma, em voz alta, outra mais baixo; e se, sem querer, eu ouvia bem o que dizia a primeira, o mesmo não acontecia quanto ao outro que, pelos seus modos mansos, me pareceu um solicitante. O presumível protetor era um pedinchão; o outro, tão simples, quer nos falar, quer nos gestos, era o cônsul. Que ele me desculpe se me valho da oportunidade destas impressões de viagem, para afirmar que de todos os homens a quem tenho conhecido na vida nunca encontrei outro que o sobrepujasse pelo caráter. Somente vive para fazer o bem o Sr. Taunay. Dá tudo o que tem, até as próprias roupas. Priva-se de comodidades, anda a pé, mesmo em distâncias longas e fatigantes, contanto que reserve o dinheiro, com que pagaria as carruagens, para os pobres.
Deu-me o Sr. Taunay uma carta de apresentação para o mordomo do palácio M.P.B. E graças a essa apresentação deixei de pagar os pesados direitos aduaneiros que agravam os menores objetos vindos da Europa. O senhor M.P.B. acolheu-me com bastante amabilidade, sem, todavia, deixar de entrever que ele, como quase todos os