Vesti-me, então, vagarosamente para ir concluir a transação. De caminho entreguei uma das cartas trazidas para Óbidos e como o destinatário não me ligasse importância rasguei a outra, destinada ao comandante do forte. Sendo intolerável o calor, voltei para bordo. Ali esperaria o vapor, segundo combinara com o comprador, e este confiou tanto em mim que pôs nas vizinhanças uns escravos de vigia para não me perderem de vista nem de dia nem de noite. Ao lado, uma embarcação cheia de cavalos e imunda. Miguel armara perto minha rede. Passei a noite com um calor tremendo, quase nu, e a me coçar desesperadamente. Ainda por cima a guerra aos mosquitos. Ao clarear, fui para dentro da barraca. Mais tarde dei uma volta pelas cercanias do forte e arrependi-me de ter rasgado a carta para seu comandante. Aproximando-me do portão, vi que era desnecessária: nem soldados, nem sentinelas. Entrava-se à vontade. Dentro, apenas, os canhões sobre rodas numa esplanada em semicírculo, diante de uma muralha de um metro de altura. Causou-me reparo que essas peças tivessem na frente, como para não lhes permitir atirassem para baixo, uma espécie de jardim.
E o vapor a demorar. Fui dar um passeio numa praia defronte de uma ilha que esse vapor deveria contornar antes de entrar no porto. Assim o veria chegar mais depressa. O calor ali era tão forte que eu ia andando dentro d'água. Cansado, parei. Tomei um banho que durou uma hora; não tinha vontade de sair dele. Era quase meio-dia. Nem sombra. Avistei uns arvoredos e encaminhei-me para lá. Mas, ao alcançá-los, verifiquei que não podiam oferecer-me proteção suficiente. Sentei-me, porém, ali, contra o sol. Havia certa umidade nos rochedos da praia e seminu encostei-me a essas pedras, embora pudesse adoecer. Tentei desenhar. Impossível.