precaução, trouxera de New York uma prova estereoscópica representando Blondin sobre sua corda. Quando aludem a esse homem, tiro do bolso esse testemunho, quase vivo, da atitude em que ele mais se exibe e, assim, evito maiores explicações. Contudo, no que diz respeito aos índios, a coisa não se torna tão fácil. Pobre de mim! Não pude conduzir comigo por todo o País os retratos de todos os meus companheiros das florestas virgens e de outros lugares, que procurei reproduzir com a mais escrupulosa fidelidade, não obstante, confesso, com algumas dificuldades.
Reparo agora: tenho apenas tratado das perguntas que me fizeram e não disse nada ainda das respostas a elas dadas. Para atender a todos, mesmo aos que não me interrogaram, vou me explicar, lamentando o meu mau hábito de passar de um assunto a outro sem aparente necessidade. Que me perdoe o leitor.
Dois motivos, bem diversos, levaram-me à América. Eu vinha morando havia alguns anos no prédio n° 8 da praça Vendôme e, ali, ocupava um apartamento de que gostava e do qual não pretendia me mudar; toda a minha existência de artista ali decorrera. De cada viagem realizada trazia novos objetos com os quais ia aumentando meu pequeno museu, e, como o amor próprio em tudo se intromete, sentia orgulho ao ouvir afirmar possuir o mais belo atelier de Paris, ao menos o mais curioso. Quem poderia pensar que certo dia um senhorio destruiria com uma palavra um trabalho construído com tantos esforços e cuidados! Foi o que me aconteceu, como num despertar de um sonho que durara 20 anos. Planos urbanísticos de alargamento foram a causa do abandono de um teto onde contava viver até o dia da minha morte. Apelo para todos que já foram também intimados a se mudar em condições semelhantes. Nada compensa a perturbação súbita de nossos hábitos. Eu não podia disfarçar a minha tristeza;