campo virgem às investigações de futuros viajantes. E aquelas eram as que me interessava explorar.
Acabados os necessários preparativos para empresa de tal ordem, parti de Glasgow a 14 de março de 1836 e a 20 do mesmo mês estava a bordo da barca Memnon, com destino ao Rio de Janeiro, capital do Brasil. A travessia do Atlântico para a América do Sul já tem sido descrita com demasiada frequência, para que outra coisa me caiba dizer senão que tivemos igual quinhão de bonanças e ventanias, de céus rebrilhantes e esbraseados ocasos, tubarões e baleias, peixes voadores e esteiras fosforecentes. Após uma viagem tediosa, mas não desagradável, avistamos terra em 22 de julho. Ao clarear do dia, como nos fora predito pelo capitão, divisamos Cabo Frio, a distância de cerca de 25 milhas nor-noroeste. Fica este cabo a umas 70 milhas para leste do Rio de Janeiro, correndo entre ambos uma cadeia ondulante de elevados outeiros, recobertos de árvores até as cumiadas. Lá nessas alturas palmeiras inumeráveis, com troncos esbeltos encimados de copas arredondadas, sobranceiras ao resto da mata, e furando o espaço de encontro ao lindo azul do céu, imprimem à paisagem um cunho peculiar, que tacitamente faz sentir ao europeu sua aproximação de um mundo, cuja vegetação difere vastamente das que por ele foram há tão pouco deixadas.
Os ventos sopraram brandos o dia todo e, como navegávamos rente da costa, meus olhos observavam sem cessar, através do telescópio de bordo, a selvática beleza do cenário, dentro do qual eu já me via em imaginação, a regalar-me com as suas multiformes produções naturais. Passava muito do meio-dia quando chegamos à entrada da baía do Rio, notável pela quantidade de colinas cônicas e ilhas que se veem em ambos os lados.
Uma destas é conhecida pelo nome de Pão de Açúcar, pela sua semelhança, com o objeto do mesmo nome. É uma sólida mole granítica que se eleva à altura de cerca de mil pés e despida de vegetação, com exceção de uns poucos arbustos