não só os mais duros senhores, como também os mais severos punidores das faltas de seus escravos.
No Brasil, como em outros países, o crime é mais frequente nas grandes cidades que nas zonas agrícolas. Isto provem da maior facilidade que nas cidades existe para a aquisição de bebidas espirituosas; mesmo assim, a embriaguez não é frequente entre a população negra, conquanto densa no Rio.
Foi por uma manhã de domingo que aportei em Liverpool, de volta do Brasil, e no decurso do dia vi nas ruas mais casos de intoxicação alcoólica do que julgo ter observado, ao todo, entre brasileiros, brancos ou pretos, durante o tempo inteiro de minha residência no país.
Nas grandes cidades a necessidade de castigar os escravos é de frequente ocorrência e o senhor tem poderes discricionários para flagelá-los. Alguns, porém, preferem mandar o culpado ao calabouço, onde, mediante módico pagamento, a polícia se incumbe do castigo. Muitos dos crimes pelos quais se aplicam aqui apenas umas poucas lambadas são de tal natureza que, na Inglaterra, trariam para seu perpetrador a pena de morte ou exílio. Só por crimes muito sérios é que se entrega um escravo, de vez, aos tribunais judiciários, visto como então se perdem para sempre, ou, pelo menos, por muito tempo, os seus serviços ao senhor.
Na maior parte das plantações são os escravos bem tratados e parecem muito felizes: é, com efeito, uma caraterística dos pretos, filha, por certo, de sua disposição apática, a facilidade de se afazerem à sua condição. Conversei com muitos cativos em toda a parte do país e só de uns poucos ouvi expressões de pesar por terem sido levados de sua terra, ou de desejo de para lá voltarem. Em algumas das grandes fazendas em que residi por curtos períodos o número de escravos por vezes subia a 300 ou 400 e, se não fora o meu prévio conhecimento de sua condição, nunca teria descoberto, por minha simples observação