O Selvagem

movimento literário nesse ramo especial de ciência. Ele deu-me um dos primeiros livros de filologia, que me acompanhou ao Araguaia, e lá, no meio daquelas solidões, me serviu de farol para me guiar no estudo metódico de uma língua dificílima, na ausência absoluta de livros e gramática que dela se ocupassem.

Foi assim que principiei e levei a mais de meio o presente curso.

O meu respeitável amigo dr. Joaquim Manuel de Macedo, deu-me uma das mais preciosas obras que existem a respeito de uma língua irmã do tupi: uma sobre a língua guarani, do padre Montoya.

Em 1874, tendo de ir ao Pará, por interesse meu, o sr. conselheiro Costa Pereira encarregou-me de estudar a estatística selvagem do vale do Amazonas e de classificar as populações selvagens pela língua que falavam.(*)Nota do Autor

Eu havia sido durante dois anos presidente do Pará, e sabia que a grande riqueza daquele vale, representada pela borracha, salsa, copaíba, castanha, que se exporta já no valor de muitos mil contos, é quase exclusivamente devida ao braço do tapuio; o que ignorava, porém, é que a quantidade dos que são ainda selvagens, excede de muito à dos que são mansos; que existem nações numerosíssimas, como a dos Caiapós e Mundurucus, a primeira das quais tem uma população de oito mil almas e a segunda de 14 mil;