que têm raízes tupis e cita como um desses raros exemplos, talvez único, o verbo moquear. Se o ilustre professor houvesse viajado por outras províncias, veria que esse exemplo não é isolado e que não temos um, mas muitos verbos vindos do tupi, e alguns deles tão expressivos e enérgicos que não encontram equivalentes em português. Citarei, entre outros, os seguintes: espocar (Pará) por: arrebentar abrindo; petequear (Minas, São Paulo) por: jogar; entocar (geralmente em todo o Brasil) por: meter-se em buraco, ou, figuradamente, por encolher-se, fugir à responsabilidade; gapuiar (Pará, Maranhão) por: apanhar peixe; cutucar (geral) por: tocar com a ponta: espiar (geral) por: observar; popocar (Pará, Maranhão) por: abrir arrebentando; pererecar (geral) por: cair e revirar; entejucar por: embarrear; encangar por: meter os bois no jugo; apinchar por: lançar, arremessar; capinar por: limpar o mato; embiocar, por: entrar no buraco; bobuiar, por: flutuar; catingar, por: exalar mau cheiro; tocaiar, por: esperar etc. São outros tantos verbos com que o tupi enriqueceu a língua popular do interior dos habitantes do Brasil, língua às vezes rude, não o contestamos, mas às vezes, também, de uma energia e elegância de que só pode fazer ideia aquele que tenha estado em uma roda de gaúchos folgazãos a ouvi-los contar a história de seus amores, suas façanhas de valentia, ou as lendas tão tocantes e poéticas de suas superstições, metade cristãs, metade indígenas.
Assim como muitos séculos depois de haverem passado os povos que falaram o sânscrito e o quíchua, se encontram nesta última língua os vestígios daquela família; assim também daqui a mil anos, quando já não houver no sangue dos habitantes do Brasil a mais leve aparência desta pobre raça, que ainda hoje domina