que nos são superiores. Mas daí não se segue que, tudo o que eles não puderem fazer, nós também o não possamos, e nem tampouco que nos sejam superiores em tudo, porque certamente que não o são. Puderam eles por ventura libertar os seus escravos sem derramar rios e rios de sangue? Não. Pois nós vamos libertando os nossos no seio da mais profunda paz e sem ver parar nem ao menos entorpecer as fontes da nossa riqueza. Como notei acima — e esta nota é de importância capital —, o braço índio não é produtivo em indústrias sedentárias. Seja esta tese estudada perante a ciência, ou empiricamente à luz dos fatos e da experiência, a conclusão é uma só. Onde quer que foi possível empregar o selvagem como caçador ou pastor, ele excedeu muito à raça branca, e excedeu porque, como já reflexionei, seu próprio atraso, suas poucas necessidades, que constituem obstáculos invencíveis para que ele se adapte a indústrias sedentárias, constituem também virtudes e qualidades de subido valor para todas aquelas que supõem um viver nômade errante, e independente disto, que para nós são cômodos indispensáveis, mas que para eles são peias e incômodos, tanto quanto para nós seria adotarmos seu gênero de vida errante e selvagem.
Temos, para utilizar o braço selvagem, duas fontes de riqueza em que eles hão feito suas provas, e nas quais temos tirado resultados conhecidos: nossos vastos campos apropriadíssimos, como os de nenhum outro país do mundo, às indústrias pastoris, e nossas vastas florestas do Amazonas, Goiás e Mato Grosso, abundantemente providas de materiais para utilizar milhões de braços nas indústrias extrativas da borracha, cacau, salsaparrilha, ipecacuanha, cravo, óleo de copaíba, e multidão de outras que já representam, em nossa riqueza pública, uma soma de cerca de 15 mil contos