O Selvagem

de valor anual de exportação. Os norte-americanos estavam porventura nas mesmas condições? Não, por certo; eles não podiam aplicar o braço indígena senão na agricultura ou nas fábricas; o indígena podia não se prestar a isso, porque, por uma lei traçada pela mão de Deus, e a que o branco esteve e está sujeito também, ele não pode ser agricultor sem ter sido pastor e caçador.

O argumento, pois, dos Estados Unidos nada prova. Os norte-americanos extinguiram seus selvagens; nós, os sul-americanos, havemos de aproveitar os nossos, como já os estamos aproveitando em escala muito maior do que parece a quem não tem viajado o interior, ou não presta a atenção devida à qualidade da raça que ministra os mais abundantes braços de trabalho para certas indústrias. Se me fora lícito entrar aqui em um cálculo da exportação que é na América do Sul devida ao braço selvagem ou às raças mestiças, derivadas dele, ficar-se-ia surpreendido do elevado de sua cifra; talvez não represente nada menos de cem mil contos anuais!

Deixemos, pois, de parte a experiência dos Estados Unidos e das possessões inglesas da América do Norte; neste ponto, eles têm que aprender conosco, e muito mais o terão desde que nos deliberemos a empreender neste sentido um trabalho sistemático e metódico, cujo plano peço licença ao Instituto Histórico para resumidamente esboçar; e nem se me estranhe isto, porque é no seio das associações científicas que na Inglaterra, na França, e na Alemanha se hão elaborado as resoluções dos mais ingentes problemas práticos dessas grandes nações.

Em escritos anteriores, e nomeadamente em uma memória que há dois anos li nesta associação, mostrei que o primeiro elemento para colocar uma raça