ou de testemunhos insuspeitos recolhidos nas localidades no decurso de longas peregrinações que tenho feito nos últimos dez anos pelo interior do Brasil.
Em minhas viagens, tenho já estado em mais de cem aldeias de selvagens. Conheço cerca de 30 tribos, constituindo dez nações indígenas, algumas já meio civilizadas, outras ainda inteiramente extremes de qualquer comparticipação de nossas instituições, ideias e preconceitos.
De minhas observações tem resultado sempre que na família indígena existem: desde as instituições rígidas e de uma severidade de costumes que excedem a tudo quanto a história nos refere, até a comunhão das mulheres. Refiro-me ao índio que não está catequizado, porque este é, por via de regra, um ente degradado; ou seja que o sistema de catequese é mau, ou seja que o esforço dirigido especialmente para conseguir um homem religioso, se esqueça de desenvolver as ideias eminentemente sociais do trabalho livre, ou seja por outra qualquer causa, o fato é este: o índio catequizado é um homem sem costumes originais, indiferente a tudo e, portanto, a sua mulher e quase que a sua família. Os aldeamentos indo-cristãos não têm, pois, costumes originais: sua família é a família cristã, mais ou menos moralizada, segundo o caráter individual do catequista.
Dissemos, porém, que os selvagens, que estão fora do contato de nossa civilização, apresentam nas relações do homem com a mulher todos os tipos, desde a comunhão de mulheres até uma severidade desconhecida nas sociedades cristãs. É assim que conheço tribos onde não há casamentos, assim como conheço outras em que a mulher adúltera é punida com a pena da fogueira; e como tais instituições possam parecer estranhas, necessito de justificá-las com fatos.