O Selvagem

IV

Comunismo entre os caiapós

Não se entenda por comunismo de mulheres alguma coisa semelhante à prostituição. Aquele é um modo de família de que a raça branca tem um exemplo notável entre os espartanos; esta é a negação da família.

É tão importante esta distinção para bem compreender-se a família selvagem, quanto é certo que naquelas mesmas tribos onde há esse comunismo, as prostitutas são tidas em grande desprezo; o que seria impossível se as duas coisas se equivalessem.

Os caiapós, que me parecem ser a mais numerosa tribo dos platôs centrais do Brasil, são um exemplo desta instituição.

Estes índios, subdivididos em tribos poderosas, debaixo dos nomes de caiapós, gradaús, gorotirés e caraós, estendem seu domínio desde as florestas da província do Paraná, Mato Grosso, Goiás, Maranhão, até o Pará, onde, sob o nome de goratirés [sic], possuem fortes aldeamentos à margem do Xingu.

Às margens do Araguaia eles entraram, há poucos anos, em relação conosco, e têm seus aldeamentos nas 70 léguas que medeiam entre o rio Tapirapé e a Cachoeira Grande, margem esquerda do Araguaia, com uma população que orça, mais ou menos, por dez mil homens, sendo atualmente governados por três chefes inteligentes e aguerridos, de nomes Manahô e Kamecran, não me ocorrendo agora o nome do terceiro.

Não trato, pois, de uma pequena tribo, mas de uma grande e poderosa nação,