se bem que trino em suas manifestações, os progressos hoje do sânscrito e do estudo das antiguidades do Oriente já têm feito recuar muito para trás a época da civilização humana; de modo que nada hoje autoriza a pensar que o Brahma dos Vedas ou o Jeová da Bíblia tivessem sido a primeira concepção que esses povos fizeram de Deus; é muito natural que essas ideias elevadas, e que já revelam tanta força de abstração tenham sido precedidas de ideias toscas e grosseiras, como foram aquelas pelas quais todos os outros povos marcharam lenta e sucessivamente, até a posse dessas concepções já tão fortes e tão elevadas.
Como quer que seja, a ideia de um Deus todo poderoso e único não foi possuída pelos nossos selvagens ao tempo do descobrimento da América; e, pois, não era possível que sua língua tivesse uma palavra que a pudesse expressar. Há, entretanto, um princípio superior qualificado com o nome de Tupã, a quem parece que atribuíam maior poder do que aos outros.
VIII
Teogonia dos índios
A teogonia do índios assenta-se sobre esta ideia capital: todas as coisas criadas têm mãe. É de notar-se que eles não empregam a palavra pai; esta palavra pai não indica a origem de um homem, senão em uma sociedade em que o casamento tenha já excluído a comunidade das mulheres; e, portanto, não podia ser empregada por nossos selvagens em um estado tão rudimentar de civilização. O aforismo romano: pater est is quem justae nuptiae demonstrant explica claramente a razão porque um povo primitivo, quando tivesse