O Selvagem

Não posso acompanhar em seus detalhes esta discussão, porque seria mister passar em revista toda as tradições indígenas; e isso faz objeto de um livro especial que comecei há anos e que hei de publicar algum dia.

O que está escrito, porém, me parece suficiente para chegar a esta conclusão: entre os selvagens, assim como entre nós, a ação atribuída aos espíritos sobrenaturais é uma ação benéfica; quem se recusar a enxergar nesses seres a manifestação de um verdadeiro e poderoso instinto religioso, a pretexto de que entre eles tais seres são capazes de mal, esse negará que os gregos e romanos tivessem tais instintos.

Por muito rude e bárbara que, à primeira vista, pareça uma instituição qualquer de um povo, ela deve ser estudada com respeito. As instituições fundamentais dos povos, qualquer que seja seu grau de civilização ou barbaria, são o resultado necessário das leis eternas de moral e justiça que Deus criou na consciência humana, leis que em fundo são as mesmas no selvagem ou no homem civilizado, embora suscetíveis de manifestações diversas, segundo o grau de adiantamento a que cada um tiver chegado.

X

Imortalidade da alma

Acreditavam os selvagem na imortalidade da alma? Distinguiam a alma do corpo? Sem dúvida alguma. Todos eles o fazem. Tenho para afirmá-lo provas robustas. Em primeiro lugar, quem visita um cemitério indígena reconhece as sepulturas por panelas, que eles depositam junto das covas, nas quais colocam