raio que dele se desferira à vibração de seu patriotismo; e a sua ideia imprimiu-se na memória dos contemporâneos, como uma das irradiações dignas de iluminarem o festim do nosso centenário.
E uma vez que emito juízo póstumo sobre esse ilustre brasileiro, e sobre sua competência nessa especialidade, que lhe absorveu grande parte da vida, seja-me lícito abrir uma digressão ao assunto de que me vou ocupar para levantar um pouco o anátema que sobre sua individualidade científica lançou o provecto literato sr. José Verissimo em uma revista literária há algum tempo publicada no Jornal do Commercio, na qual criticou a necrologia com que o ilustre orador do Instituto, dr. Joaquim Nabuco, comemorou o passamento daquele seu confrade.
Para julgar-se dos méritos de sua original individualidade, dos quais aliás não é meu intuito ocupar-me, basta ler-se o escorço biográfico que sobre ele há pouco publicou o ilustrado dr. Affonso Celso, no qual são singelamente narrados os fatos capitais de sua acidentada e profícua existência, suficientes demais para ficar comprovada, não só a rigorosa justiça, mas a sobriedade de elogio com que o apreciou aquele orador; limitando-me, porém, a encará-lo pela face especial de um etnografista, seja-me lícito perguntar ao ilustre crítico qual dos brasileiros que se têm ocupado dos costumes e das línguas dos nossos aborígines, desde Anchieta até nossos dias, tem revelado maior competência do que a sua nessa especialidade.
Não significa esse conceito que eu reconheça em Couto de Magalhães os requisitos de um antropologista ou de um etnólogo. Como Lund, ele não tinha o temperamento de um paleontólogo para longas contemplações ante os crânios e as ossadas dos selvagens, medindo-lhes a compasso e esquadro as dimensões e os