ângulos; faleciam-lhe também a compleição científica e a profundeza de Martius para o estudo analítico de sua estrutura fisiológica. É, porém, em meu entender, clamorosa injustiça contestar-lhe os méritos de um consciencioso cultor da etnografia brasileira.
Sem a disciplina mental de um naturalista, ele deixou, todavia, em suas obras o cunho de um observador perspicaz dos fenômenos da vida de relação das tribos selvagens.
A parte glossológica, especialmente, cultivou com tal proficiência, que nenhum dos sábios que dela modernamente se têm ocupado revelou melhores conhecimentos do que os que se contêm no seu interessante livro O Selvagem.
Exclusão feita dos trabalhos do inspirado apóstolo de nossa primitiva civilização, o filantropo ideal do gênio errante, o grande Joseph [José] de Anchieta, e da obra do grande sábio alemão von Martius, que fez da natureza do Brasil o pedestal do monumento científico que o imortalizou, a sua Glossaria linguarum brasiliensium, vasto vocabulário indígena com a significação portuguesa, nenhum trabalho congênere conheço com o alcance do seu Curso de lingua geral (nhihingatú), segundo o método de Ollendorf.
E cumpre notar que, não obstante a sua alta esfera científica, não escapou aquele sabio à crítica severa de outro notável cientista que, classificando-o de
simples botanista, contesta sua autoridade em etnologia e estranha sua extravagante opinião sobre os índios americanos. Zimmermann, L'Homme, Problemes et merveilles de la nature humaine, 4ª ed. Brux. [Bruxelas], p. 324.
Os ilustres professores Fernando von Stein e Paulo von Ehrennich, de Berlim, que em suas preciosas bagagens de exploradores conscienciosos trouxeram novos subsídios ao estudo das línguas indígenas, não publicaram