entregar-se-lhe. Nas noites de luar, no Amazonas, conta o povo do Pará que muitas vezes os lagos se iluminam e que se ouvem as cantigas das festas e o bate-pé das danças com que o se diverte.
Os deuses submetidos a jacy, ou lua, que é a mãe geral dos vegetais, são: o Saci-Cererê, o Mboitatá [Boitatá], o Urutau e o Curupira .
O Saci-Cererê é um dos que figuram continuamente nas tradições do povo do sul do Império. Contudo, eu as tenho encontrado tão confundidas com as superstições cristãs, que não posso compreender bem qual é a sua missão entre os vegetais. As tradições representam-no com a figura de um pequeno tapuio, manco de um pé, com um barrete vermelho e com uma ferida em cada joelho.
O Mboitatá é o gênio que protege os campos contra aqueles que os incendeiam; como a palavra diz, mboitatá é cobra de fogo; as tradições figuram-na como uma pequena serpente de fogo que de ordinário reside na água. Às vezes transforma-se em um grosso madeiro em brasa denominado méuan, que faz morrer por combustão aquele que incendeia inutilmente campos.
Não conheço as tradições relativas ao Urutau, ou Urutaúi, e, por isso, limito-me a consignar aqui o nome, que significa: ave fantasma, de urú e táu.
O Curupira é o deus que protege as florestas. As tradições representam-no como um pequeno tapuio, com os pés voltados para trás e sem os orifícios necessários para as secreções indispensáveis à vida, pelo que a gente do Pará diz que ele é mussiço. O Curupira ou Currupira, como nós lhe chamamos no sul, figura em uma infinidade de lendas, tanto no norte como no sul do Brasil. No Pará, quando se viaja pelos rios e se ouve alguma pancada longínqua no meio dos bosques, os remeiros dizem que é o Curupira que está batendo