lua, e o canto, como quase todos os dos índios, era pausado, monótono e melancólico.
A jovem índia, que se sentia oprimida de saudades pela ausência do amante naquelas peregrinações contínuas a que a caça e a guerra obrigavam os guerreiros; a jovem índia, dizemos, devia dirigir-se a Rudá, ao morrer do sol ou ao nascer da lua, e, estendendo o braço direito na direção em que supunha que o amante devia estar, cantava:
Rudá, Rudá,
luáka pinaié,
Amãna reçaiçú..
luáka pinaié
Aiuté Cunhã
Puxiuéra oikó
Ne mumanuára ce rece
Quahá caarúca pupé.
Não entendo a palavra pinaié; pelo sentido, porém, presumo que quer dizer que estais, ou que resides; as outras entende-se perfeitamente, sendo a seguinte a sua tradução:
Ó Rudá, tu que estás nos céus, e que amas as chuvas... Tu que estás nos céus... faze com que ele (o amante), por mais mulheres que tenha, as ache todas feias; faze com que ele se lembre de mim esta tarde quando o sol se ausentar no ocidente.
Como já disse, as luas cheia e nova, que eram, segundo os tupis, coisas distintas e seres diversos, constituiam auxiliares de Rudá e tinham invocações semelhantes às que se cantavam àquele deus, e para o mesmo fim de trazer os amantes ao lar doméstico pelo poder da saudade.
A invocação à lua cheia era a seguinte: