ainda trabalho que se superponha, nessa especialidade, ao do erudito brasileiro.
Ladisláo Netto, cuja orientação de naturalista lhe dava sobre Couto de Magalhães a superioridade técnica de antropologista ou, antes, de arqueólogo, investigador dos cambaquis [sambaquis], não consigna em sua passagem por esse departamento científico trabalho que sobrepuje a obra deste. (Vide Arquivo do Museu Nacional, de 1882).
O trabalho do inspirado poeta Antonio Gonçalves Dias, Diccionario da lingua tupi, os de Baptista Caetano e dr. Theodoro Sampaio, cultores da glossologia indígena, são, sem contestar o seu mérito, estudos fragmentários de menor fôlego que os preceitos teóricos e os exercícios práticos contidos nas páginas de O Selvagem.
Os eminentes professores Hartt e Agassiz, que dedicaram à grandeza de nossa pátria a grandeza do seu saber profissional, aquele especialmente geólogo, este especialmente zoologista, não se demoraram em suas longas viagens pelos mares das ciências naturais nas enseadas da etimologia brasileira.
Os excursionistas cultos, os touristes da ciência, os dilettanti da etnografia que têm vindo procurar no seio do vasto colosso americano material para as suas locubracões científicas ou para as suas coleções de amadores, desde o genial autor de Cosmos, o sabio Humboldt, até o príncipe Maximiliano, desde o erudito bibliotecário de Santa Genoveva, o ilustre Ferdinand Dénis, o grande amigo do Brasil, cuja obra tanto nos recomenda no mundo europeu, até o gaiato pintor Biard, que com a sua verve humorística e seu lápis chistoso satirizou todas as coisas e todos os costumes do Brasil, nenhum fez larga escala por esta estação da ciência, que foi a preocupação de toda a existência de Couto de Magalhães.