verdejante e risonho de campos planos, por vezes cortados por linhas de bosques densos em que predomina, desde a foz do Vermejo até Albuquerque, a palmeira denominada carandá; daí até aos alagados próximos a Cuiabá predomina uma linda árvore que se cobre, durante certas estações, de flores amarelas. Destes fatos resulta que o que se chama rio se divide em três gêneros de regiões distintas pelo seu aspecto, se bem que confundidas em uma só coisa, porque são todas cobertas de água; essas três regiões são: o leito do rio, as baías e os pantanais. O rio é de águas claríssimas, mas que, unidas naquela massa enorme, parecem negras. Nos dias em que o céu está coberto de nuvens, os barcos a vapor que sulcam essas águas serenas parece navegarem em um lago de tinta preta, com a qual contrasta a alvura de prata das águas espargidas pelas rodas do vapor; na estação das águas não se veem barrancos, e não se distingue o rio dos pantanais, senão porque as águas destes últimos são literalmente cobertas de plantas aquáticas, e tão completamente, que, a quem não tem experiência, se afigura que toda aquela verdura brota de um solo firme, e fica muito longe de pensar que aquele tapete de ervas tem por baixo de si às vezes cem palmos de água! As baías não são mais do que grandes lagos que se distinguem dos pantanais, porque suas águas, como as do rio, não são cobertas de vegetais. Essas baías se estendem às vezes por muitas léguas, e como as margens são baixas, quem viajar por elas sente a ilusão de estar viajando pelo mar, porque só avista céu e água. Outras vezes, dá-se um curioso fenômeno de ilusão ótica: as cúpulas das palmeiras de carandá parecem voltadas para cima, elevam-se no horizonte como uma nuvem verdejante, e, por baixo, avista-se o céu confundindo-se com as águas no extremo do horizonte, de modo que as palmeiras parecem suspensas no ar. Os