O Selvagem

qual corre serena e quase imperceptivelmente aquela massa opulentíssima de águas.

Sondei nesse lugar o rio com uma linha de pescar de 20 braças e não encontrei o fundo. O Barreiro tem fora do canal cerca de 300 palmos de largo, com a profundidade de dez a 14 no talweg [talvegue]. Duas meia léguas adiante do Barreiro há uma curiosa fonte de águas termais, uma das mais lindas coisas que tenho visto nestes sertões. O ribeirão de água quente desce dependurado por uma lombada de terreno suave, e vem por mais de uma légua em continuadas cascatas; o viajante, quando ali chega, depois de uma marcha fatigante, por um campo onde falta sombra, extenuado do sol e cansaço, sente inefável delícia ao ver aquelas águas levemente azuladas, tão transparentes como o diamante, precipitando-se sobre urnas de pedras esverdeadas, povoadas de numerosos cardumes de peixes alvos, que se libram nos rápidos, parecendo gozar, naquelas águas puras, o prazer de viver alegremente.

O ribeirão, no Iugar em que a estrada o transpõe, é apenas morno, não tendo temperatura superior a do corpo humano, pois que a termal já vem misturada com outro regato de água comum que lhe nasce próximo. Tendo eu mandado explorá-lo, disseram-me que ele nasce a uma légua de distância da passagem, e que, brotando de uma mecha, é muito mais quente no lugar do seu nascedouro, antes de confundir suas águas com duas outras fontes que nascem próximas.

A região compreendida entre o Barreiro e o lugar denominado Taquaral do Fogaça é de terrenos lindíssimos regada de inúmeras fontes de água, e em geral mais vestida de matas do que a anterior, oferecendo, portanto, maiores e melhores proporções para ser habitada. Os povoadores, porém, não se animam a buscar aquelas paragens, que teriam pelo rio das Garças e