O Selvagem

Cada um dos episódios é o desenvolvimento ou desse pensamento geral, ou de algum que lhe seja subordinado.

Com a leitura da coleção o leitor verá isso claramente; sem querer antecipar o juízo do leitor, direi geralmente que:

Como é sabido, o jabuti não tem força; à custa de paciência, ele vence e consegue matar a anta na primeira lenda: a máxima, pois, que o bardo selvagem quis com ela plantar em seu povo foi esta: a constância vale mais que a força.

Como é sabido também, o jabuti é dos animais de nossa fauna o mais vagaroso; os próprios tupis têm este prolóquio: ipucúi aútí maiaué, vagaroso como um jabuti; entretanto, no terceiro episódio, o jabuti, à custa de astúcia, vence o veado na carreira; quiseram, pois, ensinar, mesmo pelo contraste entre a vagareza do jabuti e a celeridade do veado, que a astúcia e a manha podem mais do que outros elementos para vencer um adversário.

No quinto episódio, a onça quer comer o jabuti; ele consegue matá-la, ainda por astúcia. É o desenvolvimento do mesmo pensamento, isto é, a inteligência e a habilidade valem mais do que a força e a valentia.

No nono episódio, o jabuti é apanhado pelo homem, que o prende dentro de uma caixa, ou de um patuá, como diz a lenda; preso, ele ouve dentro da caixa o homem ordenar aos filhos que não se esqueçam de pôr água ao fogo para tirar o casco ao jabuti, que devia figurar na ceia. Ele não perde o sangue frio; tão depressa o homem sai de casa, ele, para excitar a curiosidade das crianças, filhos do homem, põe-se a cantar; os meninos aproximam-se; ele cala-se; os meninos pedem-lhe que cante mais um pouco para