ouvirmos tua frauta.
O jabuti tocou a sua frauta assim:
— Fin, fin, fin, fin, culo, fin, fin.
A raposa disse:
— Como tu és formosíssimo com tua frauta, jabuti! Empresta um pouco a mim.
O jabuti disse:
— Toma! Agora não leves minha frauta; se correres, eu atiro esta cera na tua costa.
A raposa tomou a frauta do jabuti e tocou, experimentou dançar, achou muitíssimo bonito, correu com a frauta. O jabuti correu atrás: mas não correu; dizem que estava volta voltando no mesmo lugar. Então disse:
— Deixa estar, raposa! Daqui a pouco eu te apanharei.
O jabuti foi pelo bosque, chegou à margem do rio, catou madeira para fazer ponte, para atravessar por cima; chegou a outra margem, trepou, catou árvore de mel, tirou mel de pau, voltou para trás, chegou ao caminho da raposa, afincou sua cabeça no chão, pegou o mel de pau, ungiu... Daí a pouco a raposa chegou ali e olhou para aquela água. Lustrosa e bonita que era aquela água. A raposa disse:
— Ih!... O que será isto?
Depois enfiou seu dedo, lambeu e disse:
— Ih... i... i... Isto é mel!
Outra raposa observou:
— Que?! Mel aquilo? Qual?! Do jabuti é... aquilo, como então?
A outra respondeu:
— Que de jabuti... isso! Isso é mel, como então?
Estava muito sedenta, introduziu nele sua língua. O jabuti apertou seu... A raposa gritou:
— Deixa a minha língua, ó jabuti! A outra disse:
— O que eu te disse? Eu disse a ti que isso era... de jabuti; tu disseste: isto é mel, como então?
O jabuti disse então:
— Ham! Ham! O que eu disse a ti? Cadê, que eu não te apanhei? Tu, dizem, és muitíssimo esperta, raposa! Que é da minha frauta?
A raposa respondeu:
— Eu não a tenho, jabuti.
O jabuti disse:
— Tu tens, como então? Traze, traze já, senão eu aperto muitíssimo.
A raposa já entregou sua frauta.