O Selvagem

embora.

De ano em ano vinha falar com o jabuti; chegava à porta do buraco do chão e chamava o jabuti:

— O' jabuti!

O jabuti respondia:

— O' raposa, já estarão amarelas as frutas do taperebá?

A raposa respondia:

— Ainda não, jabuti; agora os taperebaseiros estão apenas com suas flores adeus, jabuti; me vou embora ainda.

Daí, quando chegou o tempo para o jabuti sabir, a raposa veio, chegou à porta do buraco do chão e chamou.

O jabuti perguntou:

— Já estão amarelas as frutas do taperebá?

Aquela respondeu:

— Agora, sim, jabuti; agora estão na verdade; agora, sim, embaixo da árvore está bem grosso delas.

O jabuti saiu e disse:

— Entre, raposa.

A raposa perguntou:

— Quantos anos serão, jabuti?

O jabuti respondeu:

— Quatro anos, raposa.

O jabuti meteu a raposa no buraco do chão e foi-se embora. Um ano depois, o jabuti voltou para falar com a raposa; chegou à porta do buraco do chão e chamou:

— Oh! raposa!

A raposa respondeu:

— Já estarão amarelos os ananás, jabuti?

O jabuti respondeu:

— Qual! Ainda não, raposa; agora eles apenas estão rosando. Eu vou embora; adeus, raposa.

Dois anos depois, o jabuti voltou e chamou:

— Oh! raposa!

Calada. O jabuti chamou segunda vez. Calada. Só as moscas saíam do buraco. O jabuti abriu o buraco do chão e disse:

— Este ladrão já morreu.

O jabuti puxou para fora.

— Que foi que eu disse para você, ó raposa? Tu não eras macho para te experimentares comigo.

O jabuti deixou-a aí e foi-se embora.

IX

O jabuti e o homem

NOTA — A propósito desta lenda, eu disse na Introdução o seguinte, que repito para facilitar a análise: