O Selvagem

desatar a corda da cauda da baleia. Caipora puxou-o com a corda. O jabuti chegou a terra. Caipora perguntou-lhe:

— Tu estás cansado, jabuti?

O jabuti respondeu:

— Não, que é de que eu suei?

Caipora disse:

— Agora, certo, jabuti, eu sei que tu és macho mais do que eu. Vou-me embora, adeus.



Com esta, terminam as lendas do jabuti, as quais, como viu o leitor, se compõem de dez pequenos episódios. Tenho lembrança vaga de mais duas lendas, mas não encontrando as cópias, que provavelmente perdi em alguma de minhas viagens, não me animo a incluí-las aqui de memória.

As lendas precedentes, eu as ouvi em muitos lugares; mas, quando as tomei por escrito, o narrador das primeiras era do rio Negro; o da quinta e sexta, do Tapajós; o da sétima até a décima, do Juruá. Daí algumas pequenas diferenças na língua, peculiares a essas localidades, diferenças que conservei para no futuro se poder avaliar como os dialetos se formam.

XII

O veado e a onça

NOTA — A seguinte lenda, dividida em dois pequenos episódios, é o desenvolvimento desta máxima: quem mora com o seu inimigo não pode viver tranquilo.

A máxima é desenvolvida com grande habilidade, sem lhe faltar o interesse de uma ação dramática muito simples, mas muito própria para fixá-la na inteligência infantil de povos que não haviam ainda transposto o período da idade da pedra.